Órgãos de Portugal

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Órgão da Igreja de Nossa Senhora do Rosário

 

Localidade: Barreiro

Localização: Coro Alto

Construtor: António Xavier Machado e Cerveira

Ano Construção: Finais do séc. XVIII (1798?)

Último Restauro: 2007 por Pedro Guimarães

Estado: Operacional

Fotos

 (clique para obter fotos grandes)

Disposição dos Registos

II - Teclado (Grande Órgão)

(Dó - mi''')

Mão esquerda   (Dó-dó)
Flautado de 12 aberto (8')
Flautado de 12 tapado (8')
Oitava Real  (4')
Flautado de 6 tapado (8')
Dozena  (2 2/3')
Quinzena de 2 f  (2')
Dezanovena de 3 f  (1 1/3')
Vintedozena de 4f (1')
Símbala de 4f
Trombeta* (8')
Trompa*  (4')
 

Mão direita   (dó#-mi''')
Flautado de 24  (16')
Flautado de 12 aberto (8')
Flauta Travessa  (8')
Oitava Real  (4')
Flautim (4')
Dozena  (2 2/3)
Quinzena de 2 f  (2')
Vintedozena de 4f (1')
Símbala de 4 f
Corneta de 6f
Clarim *  (8')
Boé *  (8')

I - Teclado (Orgão de Ecos)

(Dó - mi''')

Mão esquerda   (Dó-dó)
Flautado de 12 aberto (8')
Flautado de 6 tapado (8')
Quinzena  (2')
Dezanovena de 3 f  (1 1/3')
Fagote
 

Mão direita   (dó#-mi''')
Flautado de 12 aberto (8')
Flautado de 6 tapado (8')
Quinzena de 2 f  (2')
Vintedozena de 4f (1')
Clarim de Eco
 

* - Palhetas Horizontais

Acessórios: Pisantes para ligar e desligar os Cheios do Grande Órgão                    

                                                                                                 Joelheira para ligar e desligar as Trombetas

                                                                                                 Pedal expressivo para o órgão de ecos

 

Informações relativas aos registos obtidas em Meloteca

 

 

Informações adicionais:

 

[...]

Não se sabe ao certo desde quando o órgão veio para a Igreja, mas a partir de 1797 já existe a referência de que não se paga mais o aluguer de um órgão que vinha de Lisboa para as festas. Então presume-se que a partir desta data a Igreja já possuía o órgão”, afirma o mestre organeiro Pedro Guimarães, responsável pelo restauro do órgão da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, e que será inaugurado no próximo dia 8 de Dezembro.

[...]

 

O órgão da Igreja Nossa Senhora do Rosário é composto por 1515 tubos de madeira e liga de estanho e chumbo e possui 31 meios registos. “Foi preciso repará-los todos e também reconstruir muita coisa. O que nos custou mais de duas mil horas de restauro”, lembra o organeiro Pedro Guimarães, responsável pelo trabalho.

Segundo ele, o instrumento dispõe de duas componentes: a técnica e a arquitectónica. “A componente técnica e sonora foi feita por nós assim como a componente arquitectónica. A caixa foi restaurada na própria Igreja e, ao remover a pintura rosa e branca que havia anteriormente, observámos a sua pintura original e restaurámo-la”, explicou. Pedro Guimarães salienta que o órgão estava bastante danificado em virtude de algumas alterações e reparações que haviam sido realizadas ao longo dos anos. “Havia apenas metade das trombetas na fachada e foi preciso reconstruir e fazer isso tudo. Também tivemos que reconstruir os foles porque tinham desaparecido e sem eles não se pode tocar o órgão”, referiu.

Agora restaurado, o órgão pode ter vida longa. “Este órgão restaurado pode durar mais outro tanto, já que o que danifica o órgão não é o uso mas sim a água ou a intervenção humana quando é mal feita”, explicou o organeiro.

 

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A resistir ao longo dos séculos
Por Fernando Mota- Técnico Superior de História do Gabinete de Arquivo e Gestão Documental da C.M.B.

Apesar da riqueza documental do Arquivo Histórico da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, não chegaram aos dias de hoje documentos que nos contem a proveniência, chegada ou montagem do órgão. Este instrumento foi provavelmente oferecido à Irmandade depois de 1797, segundo a tradição, por D. Maria I, porque nesse ano e segundo os documentos de despesa do arquivo da Irmandade ainda foi alugado um órgão que veio de barco de Lisboa (o aluguer custou 2.880 réis).

O primeiro documento que lhe faz referência data de 1808 e alude à despesa com um ferro. No ano seguinte era registada a despesa com dois rapazes para puxar os foles do órgão na denominada Capela Real de Nossa Senhora do Rosário do Barreiro. Em 1811, e face à iminente evasão francesa pelo Sul, a Irmandade ordenava que o órgão fosse desmontado e encaixotado. A invasão francesa acabou por não percorrer o caminho por Sul até à capital e o órgão não saiu do Barreiro, mas continuou encaixotado, razão pela qual no ano seguinte, a Mesa da Irmandade deliberou que fosse novamente pintado.

Em 1821, o órgão recebe as primeiras obras de vulto pela mão de António José Fontanes, mestre organeiro da Real Basílica de Santa Maria de Lisboa. Entre as despesas contam-se: três peliças de França para conserto dos foles; dois arráteis de crude preparado; um pedaço de madeira de vinhático para os registos gerais; uma fechadura para a caixa do teclado; 100 taxas e 50 pregos de asa de mosca para abas dos foles. António José Fontanes e dois ajudantes receberam pelo trabalho que durou oito dias 19.700 réis. Este restauro e outros, até 1826, sugerem a autoria do órgão ao seu pai, Joaquim António Peres de Fontanes.

(in Margem Sul)