Órgãos de Portugal
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Órgão da Igreja de Nossa Senhora do Rosário
Localidade: Barreiro Localização: Coro Alto Construtor: António Xavier Machado e Cerveira Ano Construção: Finais do séc. XVIII (1798?) Último Restauro: 2007 por Pedro Guimarães Estado: Operacional Fotos (clique para obter fotos grandes) Disposição dos Registos
* - Palhetas Horizontais Acessórios: Pisantes para ligar e desligar os Cheios do Grande Órgão Joelheira para ligar e desligar as Trombetas Pedal expressivo para o órgão de ecos
Informações relativas aos registos obtidas em Meloteca
Informações adicionais:
[...] “Não se sabe ao certo desde quando o órgão veio para a Igreja, mas a partir de 1797 já existe a referência de que não se paga mais o aluguer de um órgão que vinha de Lisboa para as festas. Então presume-se que a partir desta data a Igreja já possuía o órgão”, afirma o mestre organeiro Pedro Guimarães, responsável pelo restauro do órgão da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, e que será inaugurado no próximo dia 8 de Dezembro. [...]
O órgão da Igreja Nossa Senhora do Rosário é composto por 1515 tubos de madeira e liga de estanho e chumbo e possui 31 meios registos. “Foi preciso repará-los todos e também reconstruir muita coisa. O que nos custou mais de duas mil horas de restauro”, lembra o organeiro Pedro Guimarães, responsável pelo trabalho. Segundo ele, o instrumento dispõe de duas componentes: a técnica e a arquitectónica. “A componente técnica e sonora foi feita por nós assim como a componente arquitectónica. A caixa foi restaurada na própria Igreja e, ao remover a pintura rosa e branca que havia anteriormente, observámos a sua pintura original e restaurámo-la”, explicou. Pedro Guimarães salienta que o órgão estava bastante danificado em virtude de algumas alterações e reparações que haviam sido realizadas ao longo dos anos. “Havia apenas metade das trombetas na fachada e foi preciso reconstruir e fazer isso tudo. Também tivemos que reconstruir os foles porque tinham desaparecido e sem eles não se pode tocar o órgão”, referiu. Agora restaurado, o órgão pode ter vida longa. “Este órgão restaurado pode durar mais outro tanto, já que o que danifica o órgão não é o uso mas sim a água ou a intervenção humana quando é mal feita”, explicou o organeiro.
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A resistir ao longo dos séculos Apesar da riqueza documental do Arquivo Histórico da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, não chegaram aos dias de hoje documentos que nos contem a proveniência, chegada ou montagem do órgão. Este instrumento foi provavelmente oferecido à Irmandade depois de 1797, segundo a tradição, por D. Maria I, porque nesse ano e segundo os documentos de despesa do arquivo da Irmandade ainda foi alugado um órgão que veio de barco de Lisboa (o aluguer custou 2.880 réis). O primeiro documento que lhe faz referência data de 1808 e alude à despesa com um ferro. No ano seguinte era registada a despesa com dois rapazes para puxar os foles do órgão na denominada Capela Real de Nossa Senhora do Rosário do Barreiro. Em 1811, e face à iminente evasão francesa pelo Sul, a Irmandade ordenava que o órgão fosse desmontado e encaixotado. A invasão francesa acabou por não percorrer o caminho por Sul até à capital e o órgão não saiu do Barreiro, mas continuou encaixotado, razão pela qual no ano seguinte, a Mesa da Irmandade deliberou que fosse novamente pintado. Em 1821, o órgão recebe as primeiras obras de vulto pela mão de António José Fontanes, mestre organeiro da Real Basílica de Santa Maria de Lisboa. Entre as despesas contam-se: três peliças de França para conserto dos foles; dois arráteis de crude preparado; um pedaço de madeira de vinhático para os registos gerais; uma fechadura para a caixa do teclado; 100 taxas e 50 pregos de asa de mosca para abas dos foles. António José Fontanes e dois ajudantes receberam pelo trabalho que durou oito dias 19.700 réis. Este restauro e outros, até 1826, sugerem a autoria do órgão ao seu pai, Joaquim António Peres de Fontanes. (in Margem Sul)
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